30 de maio de 2008

21 - esse é o número


Lá estava no corredor da sala, voltando da cozinha onde tinha ido pegar água pra tomar o santificado remédio de todo dia, o último, o último de 21, aquele que depois de uma semana repetirá o ciclo, aquela evolução dos Deuses que fora criada pra nós mulheres termos maior independência na nossa vida, para controlarmos o momento necessário de ter um herdeiro, aquela oitava maravilha que te deixa tranqüila todos os meses... eis que aquele último, aquela bolinha tão esperada para ser deglutida, de repente escorrega de meus dedos e cai no chão. Que desespero! No chão que você sabe que passa seu lindo cachorro, seu papagaio, sapatos, sandálias, tênis e pés descalços (o meu por exemplo), e surge a dúvida – o que fazer? Ainda por cima rolou e caiu debaixo do sofá, cantinho que costuma ser empoeirado.

Mais de meia-noite, farmácias fechadas, perigo de sair sozinha na rua, sexta-feira a noite igual a bêbados atrás de volantes. Não dá pra pedir a domicílio outra cartela, o horário já passou; não dá pra atrasar umas horinhas e esperar até amanhã de manhã, o risco não é aceitável.

Ok, tá, me agacho, olho novamente para o então malvado, enfio a mão por baixo do sofá e pego a peste do comprimido do chão, fecho os olhos, faço cara de nojo, coloco na boca, tomo um grande gole de água e ele desce tranqüilo e calmo.

É Rafa, antes vermes do que um filho inesperado.

Salve, salve o criador do anticoncepcional.

Mas ainda acho que os laboratórios deveriam colocar um num cantinho, de reserva, afinal não é a coisa mais rara do mundo você derrubar um comprimido no chão.